Levantamento Topográfico e Geológico de Algumas Grutas na Zona das Fontaínhas
21 de Julho de 2025

Rodrigues, Afonso Introdução, Descrição das Cavidades e Topografia

Rodrigues, Paulo 1,2,3 Enquadramento Geral
 
  1. Grupo de Espeleologia e Montanhismo, Rua General Pereira de Eça, nº30, 2380-075 Alcanena
  2. Núcleo dos Amigos das Lapas Grutas e Algares 
  3. Comissão Científica da Federação Portuguesa de Espeleologia,Estrada Calhariz de Benfica, 187, 1500-124 Lisboa 

Introdução

As grutas abaixo constavam no cadastro do grupo de S. Bento, sendo inicialmente provenientes de levantamentos feitos pelo SSAC. Foi feito levantamento topográfico e geológico a cada uma ao longo  de várias atividades. Na zona do Algar das Fontaínhas foi também levada a cabo alguma prospeção e desobstruções preliminares a várias potenciais entradas.

Enquadramento Geral

Todas as grutas abaixo referidas desenvolvem-se na Formação dos Calcários Bioclásticos do Codaçal, datado do Batoniano, andar do Jurássico Médio. Na proximidade imediata das grutas passa uma falha de orientação aproximada WNW-ESE, preenchida por um filão dolerítico, que se traduz na paisagem como um vale com a mesma orientação da falha.

Figura 1 – Localização das cavidades na carta militar.
Figura 2 - Localização das cavidades na carta geológica.

Algar do Talvegue

O algar é um vadose shaft, apresentando inclusive caneluras de dissolução bem marcadas na parede Sul, desenvolvendo-se ao longo de uma fratura de atitude aproximada N60ºW/Vertical. Os extremos da mesma estão preenchidos de concreção, e o fundo está preenchido de blocos.

Figura 3 - Entrada do Algar do Talvegue.
Figura 4 - Aspeto do interior.
Figura 5 – Esboço topográfico do Algar do Talvegue (clique para ver em formato pdf)

 

Gruta do Talvegue

Esta gruta é uma pequena lapa, com a sua morfologia original já muito disfarçada por abatimentos, tratando-se de um vazio horizontal constituído por várias pequenas salas abundantemente concrecionadas e separadas por colunas. As camadas têm atitude E-W/10ºS, o que explica os tetos subhorizontais da gruta, que resultam do abatimento de blocos ao longo da superfície de estratificação. A gruta é atravessada por várias famílias de fraturas com as seguintes atitudes: N60ºW/Vertical, N30ºW/Vertical, N60ºE/Vertical. A elevada fraturação deu também um forte contributo para os abatimentos que se registam na cavidade.

Figura 6 – Aspeto da entrada.
Figura 7 – Levantamento topográfico.
Figura 7 – Levantamento topográfico.
Figura 8 – Esboço topográfico da Gruta do Talvegue (clique para ver em formato pdf)

 

Algar das Fontaínhas

Vadose shaft relativamente pequeno e com paredes cobertas de lama, controlado por fraturas bastante estreitas: a entrada, de reduzida dimensão, é controlada por uma fratura de atitude aproximada E-W/Vertical, passando em profundidade o controlo estrutural a ser feito por uma fratura principal N35ºE/Vertical e outra N45ºW/Vertical. Passa-se por duas zonas mais estreitas do poço, que depois alarga, com uma ponte de rocha a meio a dividi-lo; o fundo tem grandes blocos e lama, com alguma concreção, além de pequenas excêntricas, tubulares e coraloides muito finos. Há uma pequena continuação estreita e pouco aparente por entre os blocos, que progride alguns metros. A parte inicial do poço é instável e causa alguma queda de pedra.

Figura 9 - Aspeto da entrada.
Figura 10 - Aspeto do interior.
Figura 11 - Aspeto do interior.
Figura 12 - Esboço topográfico do Algar das Fontaínhas (clique para ver em formato pdf)

 

Algar das Fontaínhas III

Trata-se de um pequeno algar, muito estreito, que se se abre num lapiás e que é pouco mais que uma fratura alargada. A fratura tem atitude N30ºW/Vertical. Continua por um tramo demasiado estreito para progredir, mas não se nota nenhuma corrente de ar.

Figura 13 – Aspeto da entrada.
Figura 14 - Esboço topográfico do Algar das Fontaínhas III (clique para ver em formato pdf)