Serra da Carregueira e Quinta da Fonteireira
11 de Março de 2014
 
Introdução
Figura 1 – Respirador do aqueduto. (Foto: Vitor Amendoeira – GEM)
A caminhada proposta desenvolve-se por caminhos e veredas da Serra da Carregueira e Quinta da Fonteireira com uma distância aproximada de 14 km.
A primeira parte é constituída por sequências de subidas e descidas, sempre com vista para a paisagem típica da Serra da Carregueira com a sua fauna e flora características.
A serra da Carregueira é um maciço situado a noroeste de Lisboa, composto por uma série de colinas que, pelo seu relevo mais acidentado, se destacam do relevo ondulado envolvente. O setor norte da serra tem vários cabeços com mais de 300 metros de altitude, sendo o ponto mais alto o marco geodésico de Aruil, com 334 metros de altitude. O monte Suímo, com 291 metros de altitude, é o ponto mais elevado do setor sul da serra. Alguns dos pontos de passagem são as antigas minas romanas do Monte Suímo e à gruta da Mina Grande.

A atividade mineira Romana na região

Numa consulta na base de dados ENDOVÉLICO do IGESPAR as referências à mineração romana ou sitio arqueológico referem que é possível que se encontre destruída.
 
No sítio existente foi referenciada a localização das antigas minas, com base no perfil topográfico fornecido por Choffat (1914). A área a que se refere este trabalho encontra-se, hoje em dia, integrado numa instalação militar do Exército Português.
 
Exploraram-se aqui granadas. Esta pedreira foi suficiente importante, tendo mesmo sido referida por Gaius Plinius Secundus (23-79dC) e outros autores antigos.
 
Em Plin. nat. 37,97, lê‑se: ”Boco escreveu que no termo de Olisipo também se extrai (carbunculum), mas com grande dificuldade, por causa da argila do solo ressequido.” Por carbúnculo designavam os romanos as gemas de coloração do carvão incandescente, como a granada, mineral que de facto foi ali explorado na época romana como atestam os notáveis vestígios ainda hoje existentes. É provável que, no decurso da Idade Média e até à época moderna, as explorações tenham continuado, mas em muito menor escala, interessando o próprio leito do rio Jamor, para jusante, onde se poderiam colher gemas provavelmente resultantes dos desmontes anteriormente efectuados. Com efeito, alguns autores mencionam as granadas do Suímo (Cachão et al., 2010).
Figura 2 – Dois aspectos de granadas do Monte Suímo, o primeiro na rocha encaixante e o segundo de fragmentos de cristal soltos da rocha.
In http://metododirecto.pt/CNG2010/index.php/vol/article/view/86/411
As granadas ocorrem em basaltos que constituem um filão vertical com comprimento de cerca de 800 m, encaixado em arenitos e calcários cretácicos, o qual foi explorado em duas grandes cortas a céu aberto, “a Mina Grande” com 120 m de comprimento, 27 de profundidade e 64 m de largura, e a “Mina Pequena” com 235 m de comprimento, 20 a 30 m de largura e 13 m de profundidade.
 
Outras duas cortas mais pequenas possuem 180 m de comprimento e uma largura máxima de 28 m, terminando a 75 m do vértice geodésico do Suímo. Calcula‑se que foram extraídos cerca de 150 000 m³ de rocha, mais de metade da “Mina Grande”.
 
A Gruta da Mina Grande
Figura 3 – Entrada da gruta. (Foto: Vitor Amendoeira – GEM)
Quando da mineração com o desmanche da rocha, ficou descoberta uma fratura acessível por onde se acede a gruta.
A gruta encontra-se aberta em terrenos do Urganiano e desenvolve-se em estratos carbonatados com direção N/S. Trata-se um pequeno colector de origem freática, cujo desenvolvimento é controlado por fracturas.
Em Novembro de 2013 uma equipa de reconhecimento do percurso, constituída por Gonçalo Lobato e Ricardo Conceição encontram a gruta, e o Ricardo faz um croqui de memória para o relatório.
Tem um desenvolvimento horizontal de 29m e desnível positivo de 8m.
Figura 4 – Croqui – Ricardo Conceição (2013)
Figura 5 – Foto: Vitor Amendoeira
Figura 5 – Foto: Vitor Amendoeira
Figura 6 – Foto: Vitor Amendoeira
Figura 6 – Foto: Vitor Amendoeira
O Levantamento foi feito pela AES – Associação de Espeleólogos de Sintra em 1980 por Carlos Galrão, Adriano Couto e Carlos Pereira.
 
A topografia foi redesenhada em 2001 em Autocad por Vitor Amendoeira.
 
Figura 7 – Topografia - Gruta da Mina Grande (AES 1980)
Figura 8 – Foto: Vitor Amendoeira
Figura 9 – Foto: Ricardo Conceição
A caminhada passa pela zona de campos de golf e permite realizar a passagem para a Quinta da Fonteireira.
No percurso realiza-se a ascensão à torre de vigia e vértice geodésico de Belas.
Na parte final seguimos por um trilho paralelo ao aqueduto das águas livres – ramal da mata de Belas.
Figura 10 – Foto: Vitor Amendoeira

Referências Bibliográficas

  • http://www.portugalromano.com/2012/01/barragem-romana-de-belas-belas-sintra/; 2014-03-09
  • http://www.igespar.pt/; 2014-03-09
  • http://metododirecto.pt/CNG2010/index.php/vol/article/view/86/411; 2016-11-06
  • Cardoso L. Cornelius Bocchus (2011) Escritor Lusitano da Idade de Prata da Liter
 
Texto – Vitor Amendoeira
Revisão – Paulo Rodrigues