Projeto Espeleológico-Valongo
Contributo para o conhecimento do património mineiro do concelho de Valongo – exploração espeleológica da vertente Nordeste da Serra de Sta. Justa
Entidade: GEM – Grupo de Espeleologia e Montanhismo
Coordenação: (N3) Pedro Aguiar, (N2) André Leite, (N2) Eduardo Vieira, (N2) Pedro Ferreira 


 
Introdução
Valongo, Paredes e Gondomar, são três conselhos parcialmente inseridos no distrito mineiro Durico-Beirão, alvo de explorações mineiras, pelo menos, desde o período de ocupação romana até meados do séc.XX. Ao longo deste período, com mais de 2000 anos, várias minas têm sido abertas, retrabalhadas e posteriormente abandonadas, deixando vestígios de mineração, tanto à superfície como em subsolo.
 
Atualmente, para uma porção de território do concelho de Valongo, encontra-se concedido a algumas empresas, o direito de prospeção e pesquisa de depósitos minerais (Extrato 591/2013, DR 189, 2ª Série de 01-10-2013).
 
A cartografia da mineração no concelho de Valongo não se encontra compilada e é parcialmente desconhecida. Só temos encontrado descrições dos trabalhos a partir do séc.XVIII, e a maioria refere, à época e de forma muito vaga, a existência de trabalhos mais antigos.
 
Investigações relativas a trabalhos de mineração em jazigos primários em subsolo, no âmbito da espeleologia inseridos na revisão do Plano Diretor Municipal de Valongo, apresentaram um conjunto de dados cartográficos que revelam a existência de centenas de minas abandonadas, espalhadas por todas as serras do concelho, muitas das quais não constavam dos anteriores instrumentos de gestão territorial.
 
Em trabalho mais recente, inventariamos as explorações mineiras de uma parte da vertente Oeste da Serra de Santa Justa, onde se apresenta um mapa com atualização das cavidades aí existentes, em especial as que se encontram em subsolo, com a respetiva topografia, fotografias e análise morfológica comparativa. Desta forma pudemos aferir a sobreposição de trabalhos de mineração de várias épocas na mesma cavidade, a utilização das águas presas em minas para apoio à agricultura e a eliminação de alguns vestígios da mineração por via da florestação intensiva.
 
Devido à vastidão do território a investigar, está em curso um novo projeto parcelar, para a mesma Serra, no intuito de compilar a longo prazo, uma cartografia temática de toda a serra, com representação das cavidades abandonadas em subsolo.
 
A área proposta para este projeto espeleológico tem aproximadamente 2ha, delimitado a Este, pelo Rio Simão, a Sul pela Rua de Couce, a Oeste sem delimitação específica e a Norte pela Ribeira do Inferno.
 
Segundo o PDM publicado na página Web da C.M.Valongo, no que concerne à carta de Sistema Patrimonial, estão assinalados alguns vestígios de mineração referidos no relatório Arqueológico do mesmo plano, sendo muito vaga a sua localização, morfologia e extensão.
 
Objetivo
Exploração espeleológica de todas as minas prospetadas na área do projeto, nomeadamente as que já se encontram referidas na Carta do Fomento Mineiro (1961):
 
Mina das águas férreas; Fojo do Sardão; Fojo do Castro; Fojo dos 9 poços; Fojo da linha de água; Fojo da Andorinha; Fojo dos Moinhos; Fojo dos 7 Poços; Fojo do Amieiro; Fojo braço de mar; Fojo das Trincheiras; Fojo das Giestas; Fojo do Inglês; Casa da Orca; Fojo dos Eucaliptos; Fojo do Castro.
 
Localização
 Mapa 1: Localização aproximada sobre extrato da Carta Sistema Patrimonial do PDMV
 
Metodologias de registo
Prospeção, georreferenciação, levantamento topográfico, registo fotográfico, produção e análise cartográfica em SIG.
 
Metodologias de exploração
Normativas da Federação Portuguesa de Espeleologia em matérias de seguros, segurança, equipagens, progressão, equipamentos coletivos e equipamentos de proteção individual.
 
Fontes
  • Plano Diretor Municipal de Valongo (PDM).
  • Cartas Militares de Portugal Esc.-1/25000.
  • Carta Geológica de Portugal Esc.-1/50000.
  • Levantamento topográfico do Serviço Fomento Mineiro (1961).
  • Levantamento topográfico do ARCM, “Galeria das Linhas de Água” Esc.-1/500, 2012. 
Bibliografia
  • Aguiar, P., Ferreira, P., Leite, A., Vieira, H. (2015): Resultado preliminar do inventário e cartografia de cavidades artificiais na vertente Oeste da Serra de Santa Justa – Valongo (PORTUGAL); Alvados; 6º Congresso Nacional de Espeleologia 3 e 4 Outubro 2015.
  • Baptista, L., Fonseca, V., Rodrigues, L., Teixeira, R. (2005): Resultados preliminares da intervenção arqueológica na Quinta da Ivanta, Valongo. Actas do 3º Simpósio sobre mineração e metalurgia históricas no Sudoeste Europeu SEDPGYM; Porto.
  • Carvalho, A.; Monteiro, A.; Baptista, L.; Monteiro, T.; Gandra, V (2005): As minas de ouro romanas das serras de Valongo – Uma visão do seu interior. Actas do 3º Simpósio sobre mineração e metalurgia históricas no Sudoeste Europeu SEDPGYM; Porto.
  • Carvalho, S.; Ferreira, O. (1954); Algumas Lavras auríferas Romanas; Estudos Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro. – vol. IX, fasc. 1-4.
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  • Domergue, C. (1987): Catalogue des mines et fonderies antiques de la Péninsule Ibérique. Editorial Casa de Velázquez, Madrid. Série Archéologie, VIII.
  • Lima, A., Matías, R., Fonte, J; ARCM (2014): A exploração de Depósitos Secundários de ouro nas Serras de Santa Justa e Pias (Município de Valongo); Actas do 1º Congresso de Mineração Romana em Valongo; 7/8 Novembro.
  • Maricato, C. (2001): A Mineração Romana no extremo ocidental do Império; Editorial Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente, Torres Novas. Trogle 3.
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