
Ribeiro, José 1 – Introdução, Topografia e Exploração
- Grupo de Espeleologia e Montanhismo, Rua General Pereira de Eça, nº30, 2380-075 Alcanena
- Núcleo dos Amigos das Lapas Grutas e Algares
- Comissão Científica da Federação Portuguesa de Espeleologia,Estrada Calhariz de Benfica, 187, 1500-124 Lisboa
Topografia
Eis os equipamentos que usámos para topografar: o aparelho de medição Disto X310 da Leica, um medidor a lazer, que calibrámos diversas vezes, em que o erro nunca foi superior a 0,32, sendo o máximo admissível 0,50. Estas medidas são enviadas por bluetooth para um PDA com o software Topodroid, que nos permitia fazer o rascunho da topografia logo após as medições, ainda dentro da gruta.
Para fazermos o mapa efetuámos 21 saídas, sendo que as últimas 10 foram muito difíceis, pois estávamos já muito longe. Participaram 10 espeleólogos nos trabalhos de topografia, num total de 34 envolvidos também em trabalhos de exploração e logística, e que sem eles seria impossível efetuar a “saga” que foi este grande trabalho topográfico.
Exploração
Nestes 2 anos que passaram da nossa exploração, há muitas histórias e aventuras que ficaram na memória.
Tudo começou em agosto de 2021. Equipámos o algar com uma corda fornecida pelos bombeiros de Minde, que desde já agradecemos a ajuda prestada, e fomos por ali abaixo. No poço de entrada efetuou-se uma desobstrução com o objetivo de encontrarmos um novo caminho, mas não nos trouxe nada de novo. Também foram alargadas duas passagens chatas que tornaram o regresso muito mais fácil, desobstruções essas efetuadas por uma equipa do CEAE, para a qual também aqui fica o nosso agradecimento, especialmente ao André e ao Falcão.
O algar é bastante extenso. Seguimos por ali fora passando pela zona que chamamos Tridente por ter 3 caminhos. Aqui, no caminho da direita, a topografia foi feita pelo José Ribeiro (GEM) com o Pedro Fazenda (AESDA). Mesmo em frente encontrámos umas cordas lá colocadas que ao mexermos nelas simplesmente os mosquetões que estavam a segurá-las se desfizeram… tivemos que nos desenrascar com o que tínhamos, e lá seguimos. Fomos mais tarde pela Galeria do Metro, que passa debaixo na A1. O nome deve-se à dimensão e forma desta conduta (ver Figura 9), onde circulou muita água há milhares de anos.
Continuámos até chegarmos à zona da falha. Aqui o algar muda novamente de configuração e de que maneira! Tivemos aqui algumas peripécias: o Paulo Lopes (GEM) nesta zona encontrou o “buraco que sopra”, que fica a 4 metros de altura. Mais um ponto de interrogação, este o menos longe de todos.
Seguimos em frente até chegarmos àquele que chamámos de Meandro da Fenda, pois uma fenda acompanha todo este meandro (ver Figura 12). Esta é para nós talvez a zona mais perigosa da gruta, pois embora parecendo fácil, uma queda aqui pode ser fatal. A fenda que acompanha o meandro tem zonas muito fundas (ver Figura 13).
Continuando chegámos ao lago, zona bonita mas chata. Experimentou-se atravessá-lo de várias formas, em cuecas (Figura 14), com fato interior, e mais tarde com fato completo (ver Figura 16). Acabámos por optar sempre pelo fato completo pois à saída do lago existe um meandro apertadito de 30 metros que se tornava esfoliante (ver Figura 15).
Geologia
Introdução
Enquadramento geológico e geomorfológico
O Algar da Lomba desenvolve-se no Maciço Calcário Estremenho (MCE), o qual se situa na Orla Mesocenozoica Ocidental, enquadrado de modo grosseiro pelas localidades de Leiria, Rio Maior, Torres Novas e Alcobaça, a Norte, Sul, Este e Oeste respetivamente.
O Maciço Calcário Estremenho (MCE) corresponde grosseiramente a um bloco calcário elevado com uma área de cerca de 750Km2. A elevação do terreno deve-se a uma série de falhas e dobras, que além de responsáveis pela elevação do MCE, o dividem em várias áreas.
O MCE divide-se em três unidades morfoestruturais elevadas: o Planalto de São Mamede e Serra de Aire, o Planalto de Sto António, e a Serra dos Candeeiros. Estas unidades são separadas por três grandes depressões: os Polges de Minde, Mendiga e Alvados. As rochas aflorantes no MCE datam do Hetangiano ao Pliocénico (201 a 2,6 M.A.) mas, maioritariamente, são do Jurássico Médio e Superior (175 a 145 M.A.). É notório que o Jurássico Médio ocorre nas zonas sobre elevadas, ao passo que o Jurássico Superior ocupa, sobretudo, as regiões deprimidas atrás mencionadas (Carvalho, 2013).
O Algar da Lomba desenvolve-se na formação de Calcários Micríticos da Serra de Aire do Jurássico Médio. A estrutura geológica local consiste num monoclinal, que corresponde a um dos flancos do doma da Serra de Aire. Segundo a Folha 27-A Torres Novas, da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50000, as camadas têm uma direção aproximada NNW-SSE a inclinar 15º para Oeste, em direção ao polge. De referir ainda a existência de falhas de importância regional de direção grosseira NNW-SSE a NW-SE, que intersetam o Covão do Coelho e a falha que limita o bordo Norte do Polge de Minde de direção aproximada NW-SE.
Enquadramento hidrogeológico
Poço de Entrada
Galeria do Metro
Corrimão e poços
Galeria dos Meandros, Marmitas e Estreitezas várias
Ligação Algar da Lomba – Algar da Esteveira
Conclusões
Génese da cavidade
Possíveis continuações
Agradecimentos
Referências bibliográficas
- Thomas, C. 1985 Grottes et algares du Portugal. Lisboa : Gráf. Eurograf. – 227p.
- Carvalho, J. 2013, Tectónica e caraterização da fraturação do Maciço Calcário Estremenho, Bacia Lusitaniana. Contributo para a prospeção de rochas ornamentais e ordenamento da atividade extrativa. Universidade de Lisboa, Lisboa.
- Crispim, J.et al,2007; Património Geológico, arqueológico e mineiro em regiões cársicas. Actas do simpósio Ibero-americano, Batalha.
- Manupella, G., Telles Antunes, M., Costa Almeida, C.A., Azerêdo, A.C., Barbosa, B., Cardoso, J.L., Crispim, J.A., Duarte, L.V., Henriques, M.H., Martins, L.T., Ramalho, M.M.; Santos, V.F.; Terrinha. P.; (2000). Carta Geológica de Portugal – Vila Nova de Ourém, Folha 27-A, à escala 1:50.000, e Nota Explicativa, Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa.
- Martins, Alfredo Fernandes, 1949. – Maciço calcário estremenho: Contribuição para um estudo de geografia física. Coimbra.
- Martins, Olímpio, 1985, Algar da Esteveira, Algarocho nº 8,Boletim interno da Sociedade Portuguesa de Espeleologia, Lisboa.