A orientação na base é no sentido NO-SE, sendo também esta a orientação da sua inclinação. No início tem mais inclinação, suavizando à medida que avançamos. Tem blocos de várias dimensões sendo alguns bem grandes. De notar que na zona mais a NO a base tem cerca de 4m de largo, e quase no final da zona a SE chega aos 12m na sua zona mais larga.
Na zona mais a NO, vemos um pequeno recanto em que o tecto está a 3m de altura. Aqui o chão é de argila e vários calhaus. No tecto abrem-se duas pequenas chaminés, estando uma delas forrada de concreções parietais.
Observa-se na parede mais a SE, a cerca de 20m da base do poço, uma entrada com cerca de 2x1,5m que aparentemente não tem continuação.
Geologia:
A gruta desenvolve-se segundo a Folha 27-A da Carta geológica de Portugal à escala 1/50000 na formação de Calcários bioclásticos do Codaçal datados do Batoniano (Jurássico Médio).
O controlo estrutural do desenvolvimento da gruta é intenso e feito por descontinuidades cujas famílias têm atitude N60-70W/Vertical, E-W/ Vertical e N20E/Vertical. O grosso da cavidade é controlado pelas duas primeiras famílias de descontinuidades referidas. A atitude local das camadas é subhorizontal.
A gruta foi alvo de fortes abatimentos, como se nota pelos abundantes blocos que atapetam o seu fundo. Os abatimentos acima referidos são os responsáveis pela grande boca que a gruta apresenta e que permite a entrada de matéria orgânica que cobre o fundo da gruta, disfarçando em parte a presença de abundantes blocos. O mecanismo de génese da gruta é desconhecido, embora a cavidade apresente semelhanças com os “vadose shafts” descritos por Baroñ, 2003, tal como um controlo estrutural por fraturas, elevada verticalidade e fundo com matéria orgânica. Porém a grande boca que tem a dimensão da secção do principal poço da gruta, não se enquadra neste tipo de grutas. Pode-se pôr a hipótese da boca ter-se alargado já numa fase mais tardia do desenvolvimento da gruta, tendo ela originalmente dimensões menores.
Presente:
Que dizer do Algar da Bajanca, qualquer espeleólogo comum pelo menos uma vez na vida já a visitou. Lembro-me há muitos anos em que tinha acabado a minha formação de nível II e termos visitado a Bajanca para treinarmos um pouco. Uaaauuuu!!!! Isto é tão grande, dizíamos nós uns para os outros num misto de medo e de alegria. Agora tudo parece mais pequeno, mas a beleza, essa continua lá.
Para a topografarmos com o Disto X310, equipámos durante o dia e esperámos pela noite para que o laser do Disto fosse percetível. Aquilo é que foi, era só bicharada a voar em direção aos nossos frontais. Não desistimos e continuámos ao que nos propusemos. Por vezes desligávamos os frontais e reparávamos nos pirilampos que piscavam aqui e ali.
A Bajanca à noite tem outra vida...