
11 de Outubro de 2022

Este ano concretizámos! “En hora buena” como dizem os nossos “hermanos”.
O encontro, mau grado a distância, foi muito bom. Muitos companheiros de experiência diversa, de idades também muito diversas, mas sobretudo, de um espírito de partilha e de amor pela espeleologia de grande impacto. Estivemos em casa.
Sorbas
O carso de gesso em Sorbas é único. É impossível ficar indiferente ao contexto geomorfológico, que dita o ambiente que nos rodeava no Albergue de Urrá. É uma zona árida localizada no extremo oriental do corredor Taberns-Sorbas. É a zona mais próxima de um deserto, em termos ecológicos, em todo o continente Europeu.
Uma paisagem única, bela, a perder de vista e cheia de cavidades, mais de 2000 identificadas e devidamente assinaladas no Catálogo Unificado de Cavidades da Andaluzia (CUCA)… por estes lados não existem dúvidas sobre a importância de catalogação e classificação do património espeleológico nem da sua identificação “in situ“. Todas as bocas, algares, exploradas ou por explorar, têm uma placa metálica que a identifica.
A geologia do carso de Sorbas é conhecida. A origem remonta a um tempo em que o mar Mediterrânico se retraiu na zona e teve como consequência a evaporação do mar na Cuenca de Sorbas. Estes eventos ocorreram à cerca de 5,5Ma no designado período Messiniense. Nesta página (em espanhol) pode conhecer melhor este contexto geológico.
O Gesso é uma rocha evaporítica e resulta da precipitação quimica do Sulfato de cálcio, que nesta “cuenca” formou bancadas cristalinas de até 100m de espessura. Em Sorbas estes depósitos são explorados para a produção industrial de gesso, e face à ação conjunta de diversos processos erosivos e de dissolução/precipitação, deu origem a uma paisagem cársica. Neste ambiente singular a luta entre a conservação e a exploração dos recursos naturais é absolutamente idêntica à que nos aflige no maciço calcário-estremenho.
As Cavidades
As cavidades de Sorbas são extraordinárias. Em primeiro lugar pelo facto de se desenvolverem no interior das bancadas de gesso, uma rocha formada por cristais de grande dimensão, o que se traduz num ambiente subterrâneo visualmente incrível.
Depois, porque ao contrário da aridez da superfície, o sub-solo está carregado de água pelo que as cavidades acabam por oferecer uma diversidade de formas de desenvolvimento espeleogénico muito interessante.
“La Cueva del Tesoro”
Esta travessia é um exemplo do tipo básico de cavidades em Sorbas. Inúmeras dolinas e algares [descrição da travessia pelo Espéleo Club Almería] que se abrem para um meandro profundo, escavado pela água na bancada de gesso, e interrompido (em profundidade) por uma camada de margas e argilas impermeáveis que definem o nível do aquífero. Pelo meio, a oportunidade de ver cristais de gesso enormes, nas galerias dos espelhos e dos cristais, que espantam pela transparência e pela beleza.
Uma experiência inesquecível e que recomendamos vivamente a todos.
Fotos da atividade
Texto: Paulo Lopes (GEM)
Revisão: Filipe Castro (GEM)