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Algar da Cabeça Alta
27 de Agosto de 2024

Introdução e Localização

 

O Algar da Cabeça Alta encontra-se no Maciço Calcário Estremenho, na unidade morfoestrutural do planalto de São Mamede. perto do topónimo com o mesmo nome. As coordenadas geográficas de entrada da gruta (WGS84) são 39,613249º de latitude e -8,647455º de longitude, a cerca de 320 metros de altitude.

Figura 1 - Localização do Algar da Cabeça Alta em imagem de satélite.

 

Descrição

 

A gruta é composta por uma grande sala de extensão decamétrica, com abatimento parcial do teto, por onde se faz a entrada, através de um poço de 11 metros. A partir do fundo desta sala tem-se acesso a uma pequena sala a NE e a uma galeria de secção métrica a SW com uma extensão de cerca de 60 metros que termina  num poço com uma profundidade de 9 metros. Do outro lado do poço nota-se uma continuação assoreada/bloqueada da galeria, mas cuja desobstrução não nos parece viável.

Espeleometria

 

Uma topografia da gruta foi realizada tendo-se obtido os seguintes dados de espeleometria. Desenvolvimento total: 192,5m, Projeção horizontal: 173,3m. Desnível: -40,5m.

Figura 2 - Poço de entrada do Algar da Cabeça Alta
Figura 3a - Planta do Algar da Cabeça Alta (clique para ver em formato pdf)
Figura 3b - Perfil desdobrado do Algar da Cabeça Alta (clique para ver em formato pdf)
Figura 3c - Ficha de equipagem do Algar da Cabeça Alta (clique para ver em formato pdf)

 

Enquadramento Geológico

 
De acordo com a folha 27-A da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 (Manupella et al), a gruta desenvolve-se na formação de Camadas de Cabaços e Montejunto, datada do andar Oxfordiano a Kimeridigiano do Jurássico Superior. As camadas apresentam,  regionalmente de acordo com a Carta acima referida, atitude entre NW-SE a inclinar cerca de 10º para Norte. 
 
Esta cavidade, apesar de não se situar numas das unidade carsificáveis por excelência do MCE, conforme definido por Crispim, 1995, apresenta um desenvolvimento considerável para grutas em formações do Jurássico Superior.
Figura 4 - Enquadramento geológico da Algar da Cabeça Alta (extrato da folha 27-A da Carta Geológica de Portugal, sem escala)

 

Controlo Estrutural

 

A gruta apresenta um controlo misto por fraturas e camadas. A principal direção de desenvolvimento da galeria é próxima da direção regional das camadas (NW-SE/N). Porém, troços da galeria e poços apresentam direção coincidente com as fraturas N10-20W/Verticais observáveis à entrada da gruta.

Génese e Evolução

 

A gruta formou-se na zona freática, de acordo com a definição de Bögli. 1980, como o comprovam a secção arredondada das galeria e vagas de erosão. Por uma descida relativa do nível de base, a gruta passou da zona freática para a zona vadosa inativa. As vagas de erosão apontam para um antigo sentido de circulação NE-SW. O Algar da Cabeça Alta marca um antigo nível de circulação de água que atualmente se encontra à cota aproximada de 300 a 305 metros.

A entrada abriu-se posteriormente com o abatimento do teto da gruta, que se encontra muito perto da superfície, facilitado por fraturas pré-existentes.

Referências  bibliográficas

  • Bögli, A. (1980), Karst Hydrology and Physical Speleology, Springer-Verlag, Berlin Heildelberg New York.
  • Crispim, J.A (1995). Dinâmica Cársica e Implicações Ambientais nas Depressões de Alvados e Minde. Tese de Doutoramento em Geologia, especialidade de Geologia do Ambiente. Departamento de Geologia. Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa
  • Manupella, G., Telles Antunes, M., Costa Almeida, C.A., Azerêdo, A.C., Barbosa, B., Cardoso, J.L., Crispim, J.A., Duarte, L.V., Henriques, M.H.,  Martins, L.T.,  Ramalho, M.M.; Santos, V.F.; Terrinha. P.;  (2000). Carta Geológica de Portugal – Vila Nova de Ourém, Folha 27-A, á escala 1:50000, e Nota Explicativa, Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa.